Eu acabei de receber outra mensagem, e é pior do que qualquer uma das outras. Ela estava no meio de uma colisão de três carros, dirigindo para casa do trabalho, quando alguém atravessou o sinal vermelho. Ela morreu em questão de minutos.
Estávamos namorando há cinco anos, na época. Ela não era muito fã da ideia de casamento (ela dizia que parecia arcaico, que passava uma sensação estranha), mas se ela fosse à favor, eu teria casado com ela já nos três meses de namoro. Ela era vibrante, o tipo de pessoa que escolheria Desafio toda vez. Ela era a mais animada nos acampamento, mas também era viciada em tecnologia. Ela sempre tinha cheiro de canela.
Dito isso, ela não era perfeita. Ela sempre falava, quando acontecia algo mórbido que “se eu empacotar antes, não diga apenas coisas boas sobre mim. Eu nunca fui assim. Se você não me criticar também, estará me fazendo um desserviço. Tenho tantos defeitos, e eles são só uma parte de mim.” Então isso é sobre a Em: a música que ela dizia gostar, e a música que ela realmente gostava, era totalmente diferente. A ideia dela de carinho, era abraços rápidos. Ela tinha pés muito longos, como um chimpanzé.
Eu sei que isso é superficial, mas eu não acho certo falar dela sem que você tenha ideia de como ela era.
Em estava morta há 13 meses quando ela me mandou mensagem pela primeira vez.
4 de Setembro de 2013: Foi assim que começou. Eu tinha deixado a conta da Emily no Facebook, ativada, para que eu pudesse mandar alguma mensagem pra ela de vez em quando, postar no seu mural, ver os seus álbuns. Parecia muito breve (e tão diferente da Emily), errado, se não memorizássemos tudo. Eu “dividia” o acesso com a mãe dela (Susan)- significando que a mãe dela tem seu login e senha, e passava aproximadamente 3 minutos no site (ou em qualquer computador, na verdade). Depois de um pouco de confusão, eu achei que era ela.
16 de Novembro de 2013: Eu confirmei com a Susan que ela não entrou no perfil da Em desde a semana da morte dela. Em conhecia muitas pessoas, então eu pensei na hora, que um dos amigos hackers estava zoando comigo, da pior maneira possível.
Em Fevereiro de 2014, Emily começou a se marcar em minhas fotos. Eu recebia as notificações, mas as marcações já estavam removidas antes que eu fosse checar. A primeira vez que consegui ver uma, me fez sentir como se alguém tivesse me socado no estômago. “Ela” iria se marcar nos espaços onde seria plausível para ela estar, ou onde ela normalmente ficava nas fotos. Eu tenho screenshots de 2 (de Abril e de Junho. Essas foram as únicas vezes que consegui, e estão fora da timeline, então tentei apagar as informações):
Nessa época, eu parei de conseguir dormir. Eu estava muito puto pra dormir.
Ela se marcava em fotos aleatórias durante as semanas. Os amigos que notaram e disseram algo, acharam que era um Bug maldito. Descobri recentemente que alguns amigos tinham notado, mas não falaram nada. Alguns deles até me excluíram de seus perfis.
Nesse ponto, alguns de vocês devem estar se perguntando por que eu simplesmente não apaguei a minha conta. Eu queria ter apagado… Até me bloqueei por um tempo. Mas nos dias que eu não conseguia, ou queria, sair de casa, era bom ter meus amigos disponíveis no chat. Era bom poder visitar a página da Em quando o pequeno círculo verde não estava perto de seu nome.
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Eu já era um recluso social quando Em estava viva… Então a morte dela me transformou em algo perto de um ermitão, e Facebook e MMO’s era (são) meu único convívio social.
Em 15 de Março, eu mandei uma mensagem para o suposto hacker da Em.
Em 25 de Março, eu recebi uma “resposta”.
Só foi então, olhando os históricos meses depois, que eu percebi que ela estava reciclando as minhas próprias palavras.
Minha resposta parecia um tipo de apelação. Eu estava deliberadamente fornecendo à ele/ela, uma “isca” emocional (“Isso é realmente devastador”) para manter o hacker interessado em seu jogo. Eu estava partindo da hipótese que esse era o tipo de pessoa que gostava de levar os outros ao desespero. Eu estava postando em fóruns de tecnologia, procurando por algum jeito de rastrear essa pessoa, contatar o Facebook. Eu precisava mante-los por perto para juntar “evidências”.
Eu até mudei minha senha e minhas informações de segurança incontáveis vezes.
16 de Abril, eu recebi isso:
29 de Abril:
Eu não havia descoberto nenhuma pista. O Facebook me mandou os locais de onde a página foi acessada, mas desde a morte dela, são locais que eu mesmo posso me logar (minha casa, meu trabalho, a casa da mãe dela, etc.). Minhas respostas não foram uma isca. O “Yo, pergunte ao Nathan” era uma piada interna tão boba que nem vale explicar, mas “vê-la” dizer isso de novo simplesmente me aterrorizou… Minha reação na vida real foi muito pior.
Suas últimas mensagens tinham começado a me assustar, mas eu não iria admitir isso naquele ponto.
8 de Maio. Eu realmente não tenho palavras pra isso:
“CONG ELAN DO” foi a primeira palavra original que ela (?) mandou. Isso até me deu pesadelos, que comecei a ter recentemente. Eu fico sonhando que ela está em um carro congelado, azul e cinza com o frio, e que eu estou no calor, no lado de fora, gritando pra ela abrir a porta. Ela nem percebe que estou lá. As vezes suas pernas estão no lado de fora comigo.
24 de Maio:
Eu não estava realmente bêbado. Ela não era uma garota afetiva, e ela sempre ficava envergonhada quando falávamos “eu te amo”, nos abraçávamos ou falávamos sobre o quanto significávamos um para o outro. Ela ficava muito mais confortável quando eu estava “alto”. Eu sempre me fingia de bêbado.
A resposta dela foi o que me fez rever toda sua página, pensando que isso me faria entender o que estava acontecendo. Isso pode parecer diferente das suas mensagens anteriores- é uma cópia de uma conversa anterior, quando eu estava tentando convencê-la a leva-la pra casa.
Na colisão, a carcaça do carro a tinha esmagado. Ela foi cortada em uma linha diagonal da sua costela direita até o meio da sua coxa esquerda. Uma de suas pernas foi encontrada debaixo do banco traseiro.
7 de Agosto de 2012
Voltando no tempo.
Essas são as mensagens do dia em que ela morreu. Ela normalmente voltava do trabalho às 16:30. E essa, tirando algumas mensagens de voz, concluem a última vez que falei com ela, achando que estava viva. Vocês logo verão porque estou mostrando isso.
1 de Julho de 2014. Ontem.
Chequei a página dela de novo uns dias atrás, depois que recebi a mensagem sobre andar. Até hoje, ela tinha ficado quieta, sem nem mesmo se marcar em minhas fotos.
Eu não sei mais o que fazer. Apago a sua página-memorial? E se for ela? Quero vomitar. Eu não sei o que está acontecendo.
Eu acabei de ouvir o alerta do Facebook. Estou com muito medo de abrir o navegador e ver.
Eu chequei agora o alerta. Eu tinha escutado enquanto compilava todos esses posts juntos. Essa era a mensagem:
Essa é a minha porta! Aquele é o meu computador!!! Foi tirado lá de fora… Eu recebi essa mensagem 3 horas atrás, mas não vi até agora.
Ajudem…
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